Zumbido nosso de cada dia. Como tratar?

Zumbido nosso de cada dia. Como tratar?

Novembro reúne datas importantes para o incentivo ao cuidado da saúde. Uma dessas datas é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, que acontece hoje, 10 de novembro. Com o objetivo de conscientizar e desmistificar boatos sobre a saúde auditiva, conversamos sobre o tema “Zumbido no Ouvido” com a Dra. Cristiane Teixeira, otorrinolaringologista do Hospital Aeroporto.

O ZUMBIDO NOSSO DE CADA DIA

Há algumas décadas vem sendo observado que a percepção do zumbido, embora faça parte do sistema auditivo, varia de forma expressiva entre os indivíduos. Na dependência direta de fatores emocionais, ficou claro que, quando o paciente reage negativamente ao zumbido, há um aumento da atenção a ele, o que acarreta a sua amplificação. Com a repetição deste padrão, há um aprendizado associativo a essas respostas emocionais, retroalimentadas e perpetuadas por uma ampla gama de sistemas neurais.

COMO TRATAR O ZUMBIDO

O enriquecimento sonoro com sons ambientais, conhecido como Terapia de Retreinamento do Zumbido (TRT) pode ser empregado adequando-se às especificidades individuais, pois, para quem sofre com intolerância a sons, ouvir música pode ser uma medida instintiva e até natural de proteção. A TRT consiste na exposição repetida a ruído em baixo volume, favorecendo a habituação pela interferência na atividade neural. Direcionada também para a misofonia, esta terapia pode ser útil através da exposição gradual a ruídos “gatilho”. Conviver com estes problemas pode causar bastante isolamento, e não há método científico reconhecido de tratamento, apesar de algumas possibilidades serem aplicadas em conjunto, destacando-se neste contexto, a psicoterapia. O acompanhamento multidisciplinar é padrão ouro, e algumas medicações também podem ser utilizadas a depender das comorbidades, mostrando benefícios concretos. Apesar de o uso constante de protetor auricular ser uma tentativa de prevenção do desconforto auditivo, é reconhecido que essa prática pode, através da diminuição da recepção auditiva, induzir posteriormente uma maior sensibilidade aos sons. Desta forma, os pacientes devem ser orientados a usar protetor auricular apenas quando houver real necessidade.

Com exames audiológicos em geral sem alterações, ainda hoje esta condição não se apresenta categorizada em nenhuma classificação neurológica, audiológica ou psiquiátrica. Apesar de a misofonia poder ser observada em uma ampla gama de transtornos neurológicos e psiquiátricos, não parece ser um fenômeno que ocorre exclusivamente e especificamente em nenhum deles. Desta forma, pesquisas ainda são necessárias para esclarecer se a misofonia gera condições neuro-psiquiátricas, ou se estes transtornos que contemplam, entre os seus sintomas, a super responsividade aos estímulos auditivos.

 

Dra. Cristiane Teixeira
Otorrinolaringologista
CRM-BA: 18333