Hospital Aeroporto lança o projeto Café Ético Científico para o corpo clínico

Hospital Aeroporto lança o projeto Café Ético Científico para o corpo clínico

Alinhado ao incremento em infraestrutura e modernização que o Hospital Aeroporto vem realizando, a instituição também investe na excelência da assistência à saúde e em processos contínuos de aprendizado.

A partir dessa premissa, o hospital lançou na noite de quarta-feira (14), o projeto Café Ético Científico, são encontros mensais voltados para corpo clínico e equipes assistenciais.

No auditório da instituição, a diretora técnica do Hospital Aeroporto, Dra Eliane Noya, fez a abertura do evento e destacou a importância dos encontros para debates técnicos e científicos “O projeto tem o objetivo de enriquecer a assistência, reunindo os médicos para discussão de casos técnicos, abordagem científica e ética na assistência da saúde. Esses encontros são fundamentais para troca de ideias com foco na melhoria contínua do serviço.”

Convidado de estreia

O primeiro palestrante convidado para o Café Ético Científico foi o Dr Emerentino Elton Araújo, conselheiro do Cremeb. O médico tratou a abordagem bioética sobre os tipos de consentimento informado para cirurgias e procedimentos, além de destacar as diretivas antecipadas de vontade do paciente.

“Este é um assunto de muita importância e que vem sendo cada vez mais discutido na sociedade. Os pacientes estão mais exigentes, buscam mais informações e querem participar de forma ativa nas decisões do seu tratamento”, justifica o bioeticista.

Dr Emerentino esclareceu que além de descrever o caso clínico no prontuário, o médico deve seguir o processo de hierarquia da tomada de decisão sobre o tratamento do paciente, levando em consideração o direito deste sobre os cuidados físicos, psíquicos e sociais disponíveis.

Em bioética, os princípios da dignidade humana são soberanos, e o processo da tomada de decisão segue a ordem hierárquica começando pela autodeterminação do paciente sobre a escolha do seu tratamento, se o paciente não estiver em condição de tomar a decisão, o médico investigará se há diretivas antecipadas, documento que respalda a vontade prévia do paciente, além disso, há também a possibilidade do julgamento substituto, quando o judiciário intervém para garantir a soberania da vontade do paciente, e por fim, há o recurso do melhor interesse julgado pela equipe técnica.

“Quando há dúvida do caminho a seguir, o médico sempre será a favor da vida. A relação de confiança entre o médico e o paciente é fundamental para a comunicação e compreensão das informações”, enfatiza o conselheiro. Ele complementa dizendo que segundo a bioética, não se pode fazer qualquer procedimento sem o consentimento do paciente.

Seguindo as diretivas antecipadas de vontade, o paciente pode registrar um testamento vital, documento escrito previamente por este, relatando sua decisão de tratamento em casos de risco de morte, como também, pode nomear um procurador de cuidados de saúde, pessoa responsável por decidir qual o tratamento que o paciente gostaria de ser submetido, conforme sua escolha preliminar, quando ainda estava capaz.

Conflitos relacionados à transfusão sanguínea

Para finalizar a palestra, Dr Emerentino abordou sobre os conflitos relacionados à transfusão sanguínea em pacientes Testemunha de Jeová, denominação religiosa que não aceita a realização do procedimento.

Diferente de alguns países da Europa e dos Estados Unidos, no Brasil ainda não há uma legislação sobre o assunto. No judiciário há decisões dos dois lados, entendendo tanto o direito de recusa do paciente, quanto a posição médica de salvar vidas.

A resolução sobre o assunto do Conselho Federal de Medicina observa duas possibilidades de conduta: se não houver iminente perigo de vida, o médico respeitará a vontade do paciente ou de seus responsáveis. Mas, se houver iminente perigo de vida, o médico pode realizar a transfusão de sangue, independentemente de consentimento do paciente ou de seus responsáveis. Porém, há resolução do CFM (1.995/2012) que respalda o médico quanto ao respeito às diretivas antecipadas de vontade dos pacientes, inclusive sobre recusa de tratamento.

“Dentro da visão bioética, o paciente pode se recusar ao tratamento, mesmo que em risco de vida. Mas, o médico está também respaldado pela resolução do CFM. Definitivamente, ainda não há um consenso sobre o assunto”, finaliza o conselheiro do Cremeb.

Encerramento

Para encerrar a primeira edição do Café Ético Científico, a diretora do Hospital Aeroporto, Dra Débora Andrade, destacou a importância do projeto e a participação do corpo clínico, reforçando o compromisso do hospital em aplicar uma assistência de excelência para os pacientes.

“Esse projeto é relevante porque estabelece diálogo e comunicação consistentes entre o corpo clínico e a diretoria do hospital, garantindo que todos estejam engajados nos propósitos da instituição”, finalizou Débora.